Contra a monotonia
Alunos de um colégio municipal do Rio: games para ensinar fração e clássicos da literatura em versão animada.
As escolas precisam aprender a aliar a tecnologia ao ensino. Há um bom exemplo no Rio de Janeiro
Por. Roberta de Abreu Lima.
Com crianças e jovens tão fascinados pelo mundo que se descortina na internet, cabe às escolas do século XXI um novo e duríssimo desafio: fazer da tecnologia algo verdadeiramente útil para o ensino – tarefa em que a maioria tem falhado. Nesse cenário, merece atenção uma iniciativa que já em fase de testes em algumas dezenas de escolas, e estenderá nos próximos meses a toda a rede municipal do Rio de Janeiro. O programa foi concebido para amparar, com jogos, vídeos e exercícios na rede, as aulas do ensino fundamental. No ambiente virtual as crianças serão apresentadas a clássicos da literatura brasileiras em versão animada e poderão reforçar o conceito de fração,por exemplo,com variados games jogados em grupos. O projeto sobressai pelo
principio básico-simples, mas acertado:está-se falando de um roteiro muito bem amarrado , que conecta, enfim, a tecnologia ao currículo convencional. Algo raríssimo. Não só se abre aí a perspectiva de tornar a lição mais atraente, como também se tende a ampliar o tempo dedicado aos estudos, uma vez que todos os alunos estão tendo aceso ao tal software em casa. Resume: José Armando Valente, especialista da Universidade Estadual de Campinas: “O computador só é capaz de transformar uma sala de aula assim: quando o professor sabe exatamente o que fazer com ele”.
Iniciativas como essa são flagrante minoria nos diversos países que vêm se empenhando em aplicar tecnologia á sala de aula – sobretudo o Brasil. Uma pesquisa recente, conduzida pelo Ibope a pedido da Fundação Victor Civita, ajuda a dimensionar tal problema. Para se ter uma ideia, de um conjunto de 400 escolas em treze capitais brasileiras, o número das que dispõem de computadores é elevado 98%. Só que 72% dos professores admitem não estar preparados para fazer o uso do equipamento, o que o torna inócuo. Ele acaba se prestando ás burocráticas aulas de informática, quando não acumula pó nos laboratórios, na ausência de alguém que, pasme-se consiga manuseá-lo na escola. Falta, sem dúvida, treinamento aos docentes, algo que já se vê em outros países, como o Canadá – um caso exemplar.
Conectados para aprender
Experiência com laptups em São Paulo: os estudantes adoram o trabalho em rede.
As universidade ali oferecem até especialização para ensinar estratégias de como incorporar os computadores às aulas (bastante concorrida, diga-se). Todas as escolas públicas canadenses contam com pelo menos um desses profissionais. Eles estão lá para orientar os demais professores e organizar grandes bibliotecas de software.
Embora recentes e ainda pontuais, as experiências com o uso de tecnologias em salas de aula do mundo inteiro lançam luz sobre o que tem funcionado bem. Um dos maiores saltos promovidos pelo computador até então, sem dúvida, diz respeito a possibilidade que ele abre para o aprendizado das crianças em rede. Isso se dá em países como Japão, onde alunos, de diferentes escolas compartilham na internet ambiciosos projetos científicos, replicando , em pequena escala, a lógica dos grandes centros acadêmicos.
Está provado que , dessa forma, elas exercitam a capacidade de construir conhecimento em equipe assim como a rapidez de raciocínio-em virtude da necessidade de dar respostas muito rápidas no universo online. No Brasil,há sinais de que alguns alguns colégios começam a tentar para esses ganhos. No Pedro II,escola da rede federal do Rio de Janeiro,o professor Sérgio Lima,41 anos,passou a ensinar física aos estudantes numa rede social,como já fazem alguns de seus pares. Além de exibir filmes sobre experimentos e divulgar listas de exercícios e datas de provas, o professor tira ali dúvidas dos alunos em animadas sessões virtuais que atraem a classe inteira. “Estou conseguindo quebrar a monotonia”, ele festeja.
Desde a década de 70, quando surgiu o microcomputador, os educadores passaram a investigar seus potenciais usos na escola – com muita experimentação, mas bem pouco resultado. Será necessário mais tempo para que as atuais experiências se reflitam nos grandes indicadores do ensino. Pode-se dizer que há indícios de que o impacto é bom, talvez decisivo. Segundo um levantamento de OCDE (organização que reúne as nações mais desenvolvidas), os estudantes que cultivam o hábito de navegar na internet são justamente aqueles que, ao longo do tempo, obtém as médias mais altas – em quarenta países. Empurrados pelos mais variados estímulos, fornecidos pelo computador, eles têm encontrado novos e atraentes desafios intelectuais no ambiente virtual. É justo nesse contexto que as aulas copiadas da velha lousa se tronem completamente ultrapassadas e desinteressante. Conclui a secretaria municipal de educação do Rio de Janeiro, Claudia Custin, á frente do novo projeto carioca: “Está claro que não há como obter avanços sem tornar a escola um lugar minimamente conectado á realidade dos estudantes, como estamos tentando fazer”. É um bom começo para o necessário espaço.
Muito computador
Pouco Uso
De acordo com uma pesquisa em treze capitais brasileiras a maioria das escolas já dispõem de computadores – 98% dos colégios estão equipados.
...mas eles ainda não estão sendo adotados em prol da melhoria do ensino – 72% dos professores não se sentem preparados para aplicar a tecnologia na sala de aula.
18% das escolas nem sequer fazem uso do laboratório de computação.
Fonte: Ibope/Fundação Victor Civita
Fonte: Revista Veja – pag124/125 - 15/09/2010
Pierre Lèvy no 3º Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação
Você já se deu conta? Como gerenciaria e potencializaria o conhecimento nas Redes Sociais?
Para esses e outros questionamentos o filósofo, pesquisador, Pierre Lévy, estará na conferência de abertura do 3º Simpósio de Hipertexto e Tecnologias da Educação, na Educação da Universidade Federal de Pernambuco (Nehte/UFPE) e pela Associação Brasileira de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (Abehte) e acontecerá nos dias 02 e 03 de dezembro deste ano no Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Além de Pierre Lévy, têm presença confirmada pesquisadores como Antônio Carlos Xavier, coordenador do Nehte/UFPE; Luiz Fernando Gomes (UNISO), presidente da Abehte e; Alex Sandro Gomes (Cin/UFPE), criador da plataforma Amadeus para ensino a distância. Também participará do evento a professora Nelly Carvalho que lançou recentemente o seu primeiro e-book intitulado Crônicas do Cotidiano, obra inicial da Coleção Letras Eletrônicas do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE. O simpósio reunirá mais uma vez professores, pesquisadores e alunos de todo o Brasil para discutir a relação entre linguagem, aprendizagem e tecnologia. As atividades serão distribuídas em conferências, mesas-redondas, sessões de comunicação, minicursos e apresentações de pôsteres digitais, estes últimos avaliados e premiados pela comissão científica do evento.
Texto estraindo do espaço na Rede de Lucia Serafim Professora da UEPB
Alunos de um colégio municipal do Rio: games para ensinar fração e clássicos da literatura em versão animada.
As escolas precisam aprender a aliar a tecnologia ao ensino. Há um bom exemplo no Rio de Janeiro
Por. Roberta de Abreu Lima.
Com crianças e jovens tão fascinados pelo mundo que se descortina na internet, cabe às escolas do século XXI um novo e duríssimo desafio: fazer da tecnologia algo verdadeiramente útil para o ensino – tarefa em que a maioria tem falhado. Nesse cenário, merece atenção uma iniciativa que já em fase de testes em algumas dezenas de escolas, e estenderá nos próximos meses a toda a rede municipal do Rio de Janeiro. O programa foi concebido para amparar, com jogos, vídeos e exercícios na rede, as aulas do ensino fundamental. No ambiente virtual as crianças serão apresentadas a clássicos da literatura brasileiras em versão animada e poderão reforçar o conceito de fração,por exemplo,com variados games jogados em grupos. O projeto sobressai pelo
principio básico-simples, mas acertado:está-se falando de um roteiro muito bem amarrado , que conecta, enfim, a tecnologia ao currículo convencional. Algo raríssimo. Não só se abre aí a perspectiva de tornar a lição mais atraente, como também se tende a ampliar o tempo dedicado aos estudos, uma vez que todos os alunos estão tendo aceso ao tal software em casa. Resume: José Armando Valente, especialista da Universidade Estadual de Campinas: “O computador só é capaz de transformar uma sala de aula assim: quando o professor sabe exatamente o que fazer com ele”.
Iniciativas como essa são flagrante minoria nos diversos países que vêm se empenhando em aplicar tecnologia á sala de aula – sobretudo o Brasil. Uma pesquisa recente, conduzida pelo Ibope a pedido da Fundação Victor Civita, ajuda a dimensionar tal problema. Para se ter uma ideia, de um conjunto de 400 escolas em treze capitais brasileiras, o número das que dispõem de computadores é elevado 98%. Só que 72% dos professores admitem não estar preparados para fazer o uso do equipamento, o que o torna inócuo. Ele acaba se prestando ás burocráticas aulas de informática, quando não acumula pó nos laboratórios, na ausência de alguém que, pasme-se consiga manuseá-lo na escola. Falta, sem dúvida, treinamento aos docentes, algo que já se vê em outros países, como o Canadá – um caso exemplar.
Conectados para aprender
Experiência com laptups em São Paulo: os estudantes adoram o trabalho em rede.
As universidade ali oferecem até especialização para ensinar estratégias de como incorporar os computadores às aulas (bastante concorrida, diga-se). Todas as escolas públicas canadenses contam com pelo menos um desses profissionais. Eles estão lá para orientar os demais professores e organizar grandes bibliotecas de software.
Embora recentes e ainda pontuais, as experiências com o uso de tecnologias em salas de aula do mundo inteiro lançam luz sobre o que tem funcionado bem. Um dos maiores saltos promovidos pelo computador até então, sem dúvida, diz respeito a possibilidade que ele abre para o aprendizado das crianças em rede. Isso se dá em países como Japão, onde alunos, de diferentes escolas compartilham na internet ambiciosos projetos científicos, replicando , em pequena escala, a lógica dos grandes centros acadêmicos.
Está provado que , dessa forma, elas exercitam a capacidade de construir conhecimento em equipe assim como a rapidez de raciocínio-em virtude da necessidade de dar respostas muito rápidas no universo online. No Brasil,há sinais de que alguns alguns colégios começam a tentar para esses ganhos. No Pedro II,escola da rede federal do Rio de Janeiro,o professor Sérgio Lima,41 anos,passou a ensinar física aos estudantes numa rede social,como já fazem alguns de seus pares. Além de exibir filmes sobre experimentos e divulgar listas de exercícios e datas de provas, o professor tira ali dúvidas dos alunos em animadas sessões virtuais que atraem a classe inteira. “Estou conseguindo quebrar a monotonia”, ele festeja.
Desde a década de 70, quando surgiu o microcomputador, os educadores passaram a investigar seus potenciais usos na escola – com muita experimentação, mas bem pouco resultado. Será necessário mais tempo para que as atuais experiências se reflitam nos grandes indicadores do ensino. Pode-se dizer que há indícios de que o impacto é bom, talvez decisivo. Segundo um levantamento de OCDE (organização que reúne as nações mais desenvolvidas), os estudantes que cultivam o hábito de navegar na internet são justamente aqueles que, ao longo do tempo, obtém as médias mais altas – em quarenta países. Empurrados pelos mais variados estímulos, fornecidos pelo computador, eles têm encontrado novos e atraentes desafios intelectuais no ambiente virtual. É justo nesse contexto que as aulas copiadas da velha lousa se tronem completamente ultrapassadas e desinteressante. Conclui a secretaria municipal de educação do Rio de Janeiro, Claudia Custin, á frente do novo projeto carioca: “Está claro que não há como obter avanços sem tornar a escola um lugar minimamente conectado á realidade dos estudantes, como estamos tentando fazer”. É um bom começo para o necessário espaço.
Muito computador
Pouco Uso
De acordo com uma pesquisa em treze capitais brasileiras a maioria das escolas já dispõem de computadores – 98% dos colégios estão equipados.
...mas eles ainda não estão sendo adotados em prol da melhoria do ensino – 72% dos professores não se sentem preparados para aplicar a tecnologia na sala de aula.
18% das escolas nem sequer fazem uso do laboratório de computação.
Fonte: Ibope/Fundação Victor Civita
Fonte: Revista Veja – pag124/125 - 15/09/2010
Pierre Lèvy no 3º Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação
Você já se deu conta? Como gerenciaria e potencializaria o conhecimento nas Redes Sociais?
Para esses e outros questionamentos o filósofo, pesquisador, Pierre Lévy, estará na conferência de abertura do 3º Simpósio de Hipertexto e Tecnologias da Educação, na Educação da Universidade Federal de Pernambuco (Nehte/UFPE) e pela Associação Brasileira de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (Abehte) e acontecerá nos dias 02 e 03 de dezembro deste ano no Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Além de Pierre Lévy, têm presença confirmada pesquisadores como Antônio Carlos Xavier, coordenador do Nehte/UFPE; Luiz Fernando Gomes (UNISO), presidente da Abehte e; Alex Sandro Gomes (Cin/UFPE), criador da plataforma Amadeus para ensino a distância. Também participará do evento a professora Nelly Carvalho que lançou recentemente o seu primeiro e-book intitulado Crônicas do Cotidiano, obra inicial da Coleção Letras Eletrônicas do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE. O simpósio reunirá mais uma vez professores, pesquisadores e alunos de todo o Brasil para discutir a relação entre linguagem, aprendizagem e tecnologia. As atividades serão distribuídas em conferências, mesas-redondas, sessões de comunicação, minicursos e apresentações de pôsteres digitais, estes últimos avaliados e premiados pela comissão científica do evento.
Texto estraindo do espaço na Rede de Lucia Serafim Professora da UEPB
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